Desafios da Segurança no Turismo
April 2015
O Turismo enfrenta quatro desafios que são, possivelmente, os mais ameaçadores desde o 11 de Setembro de 2001. O mais relevante é que, tal como nos anos anteriores ao 11 de Setembro, muitos responsáveis pelo Turismos optaram por os ignorar ou desvalorizar, com muita conversa e poucas ações. Apesar da Al Qaeda, fundada há cerca de 14 anos, ser uma ameaça cada vez menor, o Terrorismo evoluiu para formas novas e talvez mais perigosas de organização. Este mês, a “Tourism Tidbits” mostra algumas das maiores ameaças que enfrenta o mundo do Turismo enfrenta e o que o “Trade” pode fazer para se proteger.
- Prestem atenção aos lobos solitários. O Terrorismo atual é, muitas vezes, expressão do que há 14 anos se designada por uma célula única. Os lobos solitários são pessoas que não pertencem a qualquer organização, tendo-se “radicalizado” por via da informação obtida de uma grande variedade de fontes e que, muitas vezes, estão dispostos a dar a vida pela “causa”, mesmo sem compreenderem a “causa” pela qual irão morrer. Apesar do ataque dum lobo solitário não afetar um centro turístico, um conjunto de ataques destes num mesmo local pode criar a impressão de se tratar dum problema crônico.
- Os canais de notícias em contínuo podem propiciar histeria. Simplesmente, é necessário preencher o tempo noticioso, mesmo com acontecimentos menores. Dado que os media competem para serem os primeiros a dar as novidades, ocorrem erros e pequenos incidentes são ampliados de forma desproporcionada. Muitas vezes, os Media dão a impressão que um local é muito menos seguro do que é na realidade, e esta impressão afeta o Turismo. Adicionalmente, devido a tal sobrecarga de informação, a maior parte das ameaças e dos riscos são logo esquecidos. Apesar de, numa perspectiva de Marketing, não gostarmos de lidar com as ameaças ao bem-estar dos turistas, não o poderemos evitar, pois quem tem o dever de defender o Turismo também tende a esquecer o que ocorreu há apenas alguns anos.
- O que não vemos pode ser ainda mais perigoso que o que queremos ver. No Século XXI, ver não é acreditar. No Mundo de hoje, as maiores ameaças para o Turismo não vêm do nosso mundo físico mas do Ciberespaço. O Turismo está dependente da Informática. Os computadores controlam tudo, da fatoração à ocupação dos quartos, dos planos de vôo aos horários dos autocarros / ônibus, do serviço de quartos até aos pagamentos com cartão de crédito. Tendo começado com o furto de dados pessoais e ameaças à identidade, o Cibercrime transformou-se em potencial Ciberterrorismo. A maioria dos centros turísticos não tem um plano de recurso em caso de um grande ataque terrorista e os temos do “Ano 2000” já só são parte de uma história que nunca aconteceu.
- Os nossos fornecimentos de alimentos e de energia são mais vulneráveis do que a maioria de nós pensa. A maior parte das pessoas não tem ideia de onde a comida é produzida, de quem a produz ou do que é feito entre o campo e o mercado. Ora, esta ignorância deu lugar a uma nova ameaça. Os alimentos geneticamente modificados até podem ser mais ricos em vitaminas, mas tais alterações podem ser positivas ou negativas. Aliás, nem é difícil modificar os alimentos de maneira a que causem danos. Os alimentos geneticamente modificados são uma ameaça ao nível de um surto de salmonelas.
- O profissionais da Segurança no Turismo estão pessimamente formados, mal pagos e são pouco considerados. Apesar das promessas feitas pelo “Trade” depois do 11 de setembro, nada mudou em termos reais. A maior parte das forças policiais nem sequer têm agentes dedicados à Segurança do Turismo. Daí resulta que mais os mais de mil milhões de turistas que circulam pelo Mundo tem muito pouca proteção ou, tal como bem sabem os passageiros das companhias aéreas, não lhes é dada mais que a possibilidade de participarem no “teatro da Segurança”. Esta falsa sensação de Segurança está presente em toda a atividade turística.
- Recordem que custa muito mais recuperar de um incidente do que preveni-lo. A questão a que responsáveis pelo Turismo sempre têm de responder é “quanto me custará um título negativo na Imprensa”? A gestão de crises significa que a nossa gestão do risco falhou. Num Mundo com opções novas concorrendo entre si, só podemos controlar uma crise em termos limitados e o Marketing não consegue superar uma grande crise. Pelo que a melhor maneira de lidar com uma crise é evitá-la.
- Tenham cuidado com as mudanças socio-demográficas. Não só os diferentes grupos etários têm necessidades distintas, como também os mesmos não são monolíticos. A circunstância de termos uma “geração perdida” de jovens induz desafios novos para uma atividade que depende do rendimento disponível. É necessário ter em atenção os problemas sociais a que esta geração pode conduzir, sobretudo se tivermos em consideração que muitos foram criados sem a presença dos pais.
- Os Terroristas estão ficando mais espertos. O Terrorismo está mudando de face e atraindo pessoas com níveis mais elevados de educação, muitas delas com competências numa variedade de domínios, incluindo a utilização de redes sociais, o Marketing, a guerra química e biológica, bem como o cibercrime e o ciberterrorismo. Muitas destas pessoas estão altamente motivadas e vêem o Turismo como um símbolo de decadência. Os locais turísticos tendem a ser alvos fáceis e muitos dos responsáveis pelo Turismo vivem em estado de negação. Esta combinação pode ser letal.
- Cuidado com os impostos adicionais. Os Governos adoram tributar e muitos políticos vêem o Turismo como uma presa fácil. A lógica dos políticos é a seguinte: (1) os turistas são ricos, e (2) os visitantes não são eleitores. Obviamente, a maioria dos turistas não são ricos e impostos adicionais levam a que os turistas viagem menos freqüentemente ou que encurtem as estadias. Embora seja verdade que os turistas não votam nas eleições, a verdade é que os mesmos “votam com os pés”, pelo que os responsáveis pelas atividades de viagens e de turismo precisam de recordar aos políticos locais que: (1) eles sim votam, e (2) uma redução do Turismo devida a novos impostos corresponderá perda de receitas fiscais em termos de vendas, de serviços aeroportuários ou de aluguer de automóveis. Criar novos impostos num momento de incerteza econômica pode ser demolidor, sobretudo quando se está a entrar num tempo de deflação.